«O Sol escondia-se. O céu estava pintado em fortes tons laranja, o que
indiciava um dia seguinte de mais calor. E era calor que Mariana sentia,
enquanto conduzia de volta a Lisboa e a casa. A viagem decorria sem
incidentes, mas com algumas lágrimas à mistura. Corriam até metade da
face e depois evaporavam-se pela ação das lufadas de ar quente que o vidro
aberto deixava entrar carro adentro.
Sentia-se desorientada, uma mistura de sentimentos... sentimentos de
culpa, mas com vontade de não ter saído de perto dele. Queria muito vê-lo,
falar um pouco com ele, estar com ele, mas não tinha planeado, muito
menos pensado, chegar ao ponto que chegara em casa de Ricardo. Maldita
ou bendita altura do mês! Queria voltar atrás, queria estar com ele, mas não
podia. Porque é que ele tinha de lhe aparecer à frente depois de tantos
anos?»
 
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