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À conversa com... Paulo Silva



Paulo, seja bem-vindo à nossa rubrica À conversa com...

Nesta rubrica promovemos entrevistas inéditas com autores nacionais, e cujo propósito primordial é fazer com que as suas palavras alcancem novos leitores.


1. Para começarmos, eis a pergunta que se impõe, como é que nasceu o gosto pela escrita?


O gosto pela escrita está diretamente relacionado com o gosto pela fotografia.

Diria que entre elas há uma relação de paralelismo.

Agora, quando foco determinado tema a fotografar, começo a pensar naquilo que o mesmo me proporcionará escrever, ou seja, leio algo naquilo que estou a mirar. Como se a fotografia e a escrita caminhassem juntas de mãos dadas, sem atritos.

Poderei dizer que, no meu caso, a fotografia deu vida à escrita.

Em determinada altura vejo-me a ter um bom feedback nas redes sociais, pelas fotografias ali partilhadas, ao ponto de ter vendido umas quantas, e pelo facto de quem as analisava as considerava diferentes, gostando.

Mas eu olhava para elas e achava que algo lhes faltava. Daí o surgimento da escrita, que

passou a descrever a minha visão sobre os temas fotografados. Então decidi, com uma boa dose de coragem, expor-me, através de ambas, a um público mais vasto e a aceitação foi maravilhosa, pelas críticas que efetuaram e pelo apoio que transmitiram.



2. Pulsar de Hobby. Como surgiu o ímpeto de escrever este seu primeiro livro e de o partilhar com o público?


A ideia do livro surge a partir do momento que, com aquilo que eu partilhava, passei a sentir que as pessoas que analisavam a relação da fotografia com escrita que a acompanhava, na maioria na forma poética, me transmitiam que se sentiam identificadas com o que viam e liam. Passaram a descrever as suas próprias leituras e fazendo até outros paralelismos da relação da fotografia com a escrita. De toda esta vivência surge a própria necessidade de criar “Pulsar de Hobby”.

Assim, comecei a comunicar com os outros de uma forma diferente e isso foi e é… magnífico!




3. E o processo de escrita desta obra, como correu? Pode partilhar connosco um pouco sobre essa experiência?


O processo de “pulsar de Hobby” correu de uma forma espontânea, pois sentia-me, como ainda me sinto, cada vez mais incentivado pela aceitação que as pessoas têm do meu trabalho. Poucos e bons, ou muitos poucos e bons, ou centenas de poucos e bons...

Tive pessoas que através de mensagens escreviam “Estás pronto”, “Para quando um livro?”. Transmitiam como se identificavam com a minha escrita relacionada com as fotos que tirava. Assim, senti estarem reunidas as condições para me aventurar pela fusão das duas áreas, a fotografia e a escrita, que com tais incentivos aumentou a vontade de escrever.

Parece que as coisas surgem do nada, como se estivesse alguém no meu interior a ditar-me algo e eu, obedecendo, transcrevo.




4. Pulsar de Hobby trata-se de um elo entre a fotografia e a escrita. A fusão de duas formas de comunicação onde pontos de vistas distintos podem divergir de um mesmo contexto.

De onde vem esta necessidade e esta paixão de partilhar todas as viagens imaginadas em cada fotografia que integra esta obra?

Sou uma pessoa que gosta muito de conversar. Dou muita importância à comunicação – a falar, ouvir, ver e sentir é que a gente se entende - e à partilha de conhecimentos e experiências.

Esta, talvez seja, no meu caso, a melhor forma de comunicar com os demais, embora não seja fácil! Expor a minha maneira de ser, a minha maneira de ver, de sentir, de imaginar, os meus pensamentos, o meu humor, a visão que tenho sobre a sociedade em que nos inserimos, etc. Tento a melhor forma de as fundir, como se de único estilo se tratasse, servindo-me do tal elo. Pois entendo que as fotos que relaciono com os textos que escrevo têm uma relação direta, daí entender que a minha fotografia pariu a minha forma de escrever.

Daí, Pulsar de Hobby ser a fusão de duas formas de comunicar, a fotografia (apesar de nesta obra terem sido todas impressas a preto e branco) e a escrita, sem esquecer a importância da leitura de tais formas de comunicar.

Pois para se comunicar tem de se ler.



5. Quais são os seus projetos para o futuro? Os leitores poderão contar com novas obras e dentro do mesmo registo ou prepara algum desafio?


O meu desafio, neste contexto, é uma constante vontade de continuar, até… o desafio deixar de me desafiar. Espero que sempre me sinta desafiado por tal!

Neste momento tenho um segundo livro, já concluído, de poesia, embora dentro do mesmo registo: uma fotografia um poema. Tendo em conta a minha própria opinião e os dos demais este segundo livro estará mais profundo, melhor e mais desafiante.

Falta apenas reunir as restantes condições necessárias para que o mesmo (desta vez com fotografias a cores) seja disponibilizado aos leitores.

Entendo que o elo entre a minha fotografia e a minha escrita, neste momento, é o meu próprio registo. A minha identidade em cada livro que crio, o meu legado, a minha imagem de marca.

Pois o que escrevo e fotografo está ligado à minha visão das coisas.

Agora… penso sentir a real noção de ter um outro “filho”.


6. Qual a mensagem que gostaria de partilhar com quem nos está a ler?


Leiam o que vos rodeia e pensem em tal. Exercitem o próprio espírito crítico e autocrítico.

Comuniquem-se e leiam-se, mas da melhor forma que souberem.




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