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À conversa com... José Manuel Macedo


José, seja bem-vindo à nossa rubrica, À Conversa Com…

Nesta rubrica promovemos entrevistas inéditas com autores nacionais, e cujo propósito

primordial é fazer com que as suas palavras alcancem novos leitores.


1. Para começarmos, eis a pergunta que se impõem, como é que nasceu o gosto pela escrita?


O gosto pela escrita nasceu logo que na escola primária iniciei o conhecimento das

letras e das palavras. Recordo que os trabalhos de redação que a professora me

pedia para fazer, eram sempre classificadas por ela, de muito bom, e eu era o que se

chama o “menino barra”, pois atribuía-me a tarefa de revisar os trabalhos dos

outros meninos.

Lia muito. Lia todos os livros que apanhava e, naquele tempo, não havia muitos.

Uma biblioteca itinerante passava uma vez por mês pela aldeia e nela podia escolher

alguns livros que levava para casa e que seriam trocados no mês seguinte.

Quando adolescente, e já depois, quando jovem adulto, a poesia surgiu para

equilibrar as tensões emocionais, resultantes do despertar da paixão. Nessa altura,

comecei a escrever num caderno as primeiras páginas de uma história de amor, que

muitos anos mais tarde viria a transformar-se num belo romance.


2. Como surgiu o ímpeto de escrever esta obra e de a partilhar com o público?


Esta é já a minha quarta obra e, portanto, não precisei de nenhum impulso para a

fazer. Ela foi apenas uma sequência da minha grande paixão pela escrita, com o

amadurecimento próprio da experiência obtida com os livros anteriores.

O tempo de escrever para a gaveta terminou quando publiquei o meu primeiro

romance, Vidas Cruzadas, e a partir daí, tudo o que escrevo é para partilhar com o

publico, pois só através dele podemos ser apreciados como escritores.


3. Como correu o processo de escrita desta obra. Partilhe connosco um pouco

sobre essa experiência?


Uma história romanceada é algo em que há a necessidade de desenvolver os temas

com alguma profundidade, e a investigação dos mesmos é necessária e

normalmente demorada.

Depois, uma boa história tem tanto de simples como de complexo. É preciso

tempo para criar toda a teia onde os personagens se movem, vivendo as suas

angústias e alegrias, com uma trama rigorosa e muito bem elaborada, para

entusiasmar o leitor.

Vivendo eu numa região lindíssima, possuidora de características especiais como é

o enorme e fértil vale da Cova da Beira, com uma excelente universidade que

recebe alunos de toda a parte do país, pensei em que era aqui o local ideal para

nascer uma história de amor.

Foi assim que surgiu a ideia deste Pecados de Amor, onde os protagonistas principais,

um nascido e residente na Covilhã e outro vindo de uma lindíssima região, a região

vinhateira do Alto Douro, deram vida a esta história de amor.


4. Pecados de Amor é uma obra envolvente de amizade, amor, ciúme, orgulho,

pecado, perdão, e tantos outros sentimentos que a alma humana é capaz de

produzir.

De onde surgiu a ideia de falar sobre sentimentos e sobre o pecado de amar?


A religião, e em especial a religião católica, foi sempre um tema de conversa algo

difícil, pois o assunto toca profundamente as pessoas pela sua educação familiar e

as suas raízes culturais judaico cristãs. As discussões intelectuais são normalmente

divergentes, porque a maioria dos interlocutores tem a defesa das suas convicções

assentes na fé, esse sentimento de crença de que não se questiona, de que não se

duvida.

O pecado é então algo que faz parte do catecismo da religião católica e que coloca

os jovens perante um dilema: viver a vida ou defrontar o castigo pelo pecado

cometido. Daí, surgir logo no início do livro um pensamento meu que diz: Se

conhecer o amor e viver a vida tal como Deus a fez para nós, é pecado, então sim, eu já pequei

muitas vezes!

Então, a ideia desenvolve-se à volta do conflito interior do pecado e a urgente e

necessária vontade de amar.


5. Quais são os seus projetos para o futuro? Os leitores poderão contar com

novas obras e dentro do mesmo registo ou prepara algum desafio?


Neste momento estou concentrado em apresentar e dar a conhecer este novo

romance, procurando estar presente junto do publico, em sessões de autógrafos

que irão decorrer um pouco por toda o país. Quanto a projetos futuros, eles estão

sempre presentes na mente de um escritor e um novo romance é algo que desde já

prometo.

Contudo, tenho já um novo trabalho em fase adiantada, que espero vir a apresentá-

lo ao publico no final do próximo ano. Não se trata de um romance, mas de um

livro de poesia, um outro estilo literário onde revelo as minhas emoções e

sentimentos ligados ao meu “EU” mais profundo.

Será um livro de fácil leitura, com diversos tipos de formas poéticas, onde a quadra

e o soneto estarão muito presentes.


6. Qual a mensagem que gostaria de partilhar com quem nos está a ler?


Que pelo facto de nos estar a ler, merece já um agradecimento especial, pois é sinal

de que se interessa pela arte literária. A leitura é só por si, um naturalíssimo remédio

para a solidão, para uma mente clara, para o debate de ideias, para diminuir o stress

do dia a dia, para criar pensamento critico, etc.


A mensagem que gostaria de partilhar é a de que acreditem sempre na força do

amor. Que não acreditem no destino, pois isso limita o poder de decisão, o livre

arbítrio. Eu pessoalmente, acredito em coincidências. No destino, não! Só

poeticamente uso o destino com o objetivo de apontar o futuro incerto, porque dá

jeito culpá-lo das injustiças e maldades do ser humano. O futuro é tão incerto que

até os próprios elementos da natureza, na sua ação natural, entram em convulsão e

causam sofrimento e dor.

O destino não é mais do que o fim das coisas finitas, resultante das várias

coincidências que nos vão acontecendo. Por isso, se pudéssemos viajar no tempo,

veríamos à frente de nós o que provoca o descarrilamento da carruagem onde viaja

a nossa vida. Esse seria o destino que procuraríamos evitar a todo o custo.




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