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À conversa com... Erica Ramos


Érica, seja bem-vindo à nossa rubrica «À conversa com...», na qual promovemos entrevistas inéditas com autores nacionais, e cujo propósito primordial é fazer com que as suas palavras alcancem novos leitores.


1. Para começarmos, eis a pergunta que se impõe, como é que nasceu o gosto pela escrita e pela fotografia?


Desde de criança eu escrevo. Quando pequenina deixava cartinhas para minha mãe no meio da agenda do trabalho. Gostava de imaginar o sorriso dela ao ler aquela cartinha ou bilhete. Venho de uma família de escritores, Graciliano Ramos, Artur Ramos. Acho que já estava no meu DNA. Tenho até hoje um caderno com poemas e textos que escrevia desde a adolescência. Quando não conseguimos explressar em palavras, acho que a escrita é a melhor forma de deitar para fora aquilo que sentimos. Foi por gostar de escrever que escolhi fazer faculdade de jornalismo. Sobre as fotos, sempre gostei de fotografar porque depois podemos reviver aqueles momentos com as imagens. Acredito que cada foto tem uma história por trás dela.


2. Como surgiu o ímpeto de escrever esta obra e de a partilhar com o público?


Eu já tinha o perfil no Instagram do Peregrino Aprendiz há quatro anos. Lembrei de um livro que eu tive chamado Minutos de Sabedoria. Sempre que estava ansiosa ou me sentia indecisa, abria aquele livro numa página e me calhava exatamente a mensagem que eu precisava. Pensei no consolo que eu sentia ao ler as mensagem e queria causar este mesmo impacto nas pessoas. Foi aí que comecei a pensar no Peregrino Aprendiz como um livro que pudesse ser um conselheiro no dia a dia das pessoas. Vivemos em tempos de solidão, apesar das redes sociais . Acho que muitas pessoas esquecem como é importante no dia a dia ter um momento para refletir. Essa é a proposta deste livro, por isso tem formato de pocketbook.


3. E o processo de criação desta obra, como correu? Pode partilhar connosco um pouco sobre essa experiência?


Sempre quis escrever um livro. Não sabia sobre o que iria falar, mas queria uma forma de tocar no coração das pessoas, imaginar o sorriso delas ao ler o que escrevi, como fazia com minha mãe. Um dia fui passear na Serra da Freita, meu lugar especial, onde muitas vezes vou para estar comigo e renovar as energias. Na altura era minha primeira vez lá sozinha e me perdi. O GPS parou de funcionar. Então decidi ficar ali apreciando a paisagem no meio do nada e depois pensar no que fazer. De repente me veio a frase «Se não sabe onde termina a estrada, então dê o primeiro passo» e outra «Quando não sabe onde vai dar a estrada, a solução é apreciar a paisagem». Posso dizer que comecei a me econtrar no momento em que me perdi naquele dia. Comecei a perceber que podemos tirar um aprendizado de todos os momentos, mas precisamos estar abertos a observar com cuidado o que a vida nos quer dizer. Depois disso, deixei de me sentir sozinha e descobri que existia um mundo dentro de mim que posso explorar . Depois disso, passei a sair sozinha muitas vezes para caminhar por novos lugares e observar com atenção o que cada paisagem queria me dizer. Queria registar exatamente o momento quando surgia a ideia da frase, então fazia a foto do lugar onde estava. Depois decidi ir fazendo as fotos de paisagens e ao rever as fotos também me vinham frases. Com a pandemia, ficamos trancados em casa e a única opção que tinha era revisitar as paisagens por meio das fotos e cada vez que as via me vinham novas frases. Após algum tempo depois de criar o Instagram Peregrino Aprendiz com minhas frases e fotos, já eram mais de 150 frases, pensei que poderia se tornar um livro. Essa também foi uma forma de valorizar esta terra onde vivo que é a terra dos meus avós, que foram para o Brasil em busca de uma nova vida à bordo de um navio. Sou a única neta que até agora, conhece a terra deles. Minha avó era de Santa Maria da Feira e meu avô de Vila Nova de Gaia. Este livro é uma homenagem à eles também.


4. O Peregrino Aprendiz, uma obra para desfrutar um pouco dos ensinamentos que vieram das paisagens e lugares que inspiraram a autora e para que cada frase possa ser um consolo e uma luz na sua jornada.

De onde surge a vontade de ajudar o leitor e de o fazer sentir melhor com ele próprio?


Sempre gostei de criar um impacto positvo nas pessoas, dar conselhos, conversar. Passei a vida a imaginar como poderia fazer isso. Quando escolhi jornalismo achei que o faria através do meu trabalho, mas depois vi que ainda não era isso. Então percebi que a minha busca por um propósito na vida poderia ser o exatamente o meu propósito. Inspirar as pessoas com o meu processo de busca e desenvolvimento. Acredito que todos nós temos uma semente para deixar para os outros, uma mensagem, um ensinamento. Tudo que partilhamos se multiplica.



5. Quais são os seus projetos para o futuro? Os leitores poderão contar com novas obras e dentro do mesmo registo ou prepara algum desafio?


Agora acredito que não paro mais de escrever. A ideia é continuar e já tenho planos para uma segunda edição que será construída a seu tempo com muito amor, assim como esta primeira.


6. Qual a mensagem que gostaria de partilhar com quem nos está a ler?


Acredite que tudo que se faz com amor floresce. Acredite que tem a capacidade de construir coisas grandiosas, mas precisa ter paciência com este processo. Uma vez, quando ainda era estagiária, um dos revisores do jornal me disse que eu não sabia escrever e falou para eu desistir. Tenho défice de atenção e apesar de ser muito criativa tenho uma certa dificuldade em organizar as ideias no texto. Neste dia eu chorei muito e passei a chegar mais cedo na redação para ler minhas matérias. Imprimia o texto e corrigia no papel impresso. Passei a conseguir melhorar a escrita com esse método. Levei muito tempo para aprender a fazer isso e tive que praticar muito. No entanto, tinha uma enorrme facilidade em pegar qualquer situação e criar um texto. Passei a trabalhar mais a parte da criatividade e redobrar minha atenção. Por isso, se alguém te diz que não consegue fazer algo, precisa acretitar em si mesmo e não no outro. Ninguém tem o direito determinar os limites da sua vida, você é que tem a obrigação de superar os seus limites. Como aconteceu comigo, acredito que muitas vezes nos encontramos no momento em que nos perdemos.




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