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À conversa com... Célia Evaristo



Célia, seja bem-vinda à nossa rubrica À conversa com...

Nesta rúbrica promovemos entrevistas inéditas

com autores nacionais, e cujo propósito primordial é fazer com que as suas palavras alcancem novos leitores.


1. Para começarmos, eis a pergunta que se impõe, como é que nasceu o gosto pela escrita?


O gosto pela escrita surgiu logo após a minha entrada na escola e aprender a ler e a

escrever. Lembro-me de com 8 ou 9 anos já escrever histórias que a minha professora

me pedia para ir mostrar à diretora da escola. Ora, a ida à senhora diretora fazia-se

normalmente quando havia problemas. Mas era um caminho que eu fazia com

frequência, não pelos piores motivos, bem pelo contrário. A diretora lia os meus

textos, dava-me os parabéns, e eu saía do gabinete dela sempre muito satisfeita com

os adjetivos que ela aplicava ao que acabava de ler. Textos estes que eram também

lidos em sala de aula aos meus colegas.

Aquando da descoberta da poesia com os meus 11-12 anos, participei em concursos

escolares e fui alcançando bons resultados. Mais tarde, comecei a participar também

em concursos nacionais e a minha escrita foi distinguida com diversos prémios

literários. Fui publicando poemas e pequenas histórias nos jornais da minha cidade e

mais tarde em jornais nacionais.

Entre 1996 e 2004, nos meus tempos livres, fui locutora em duas rádios da minha

cidade, nas quais declamava poemas escritos por mim.

O gosto pela escrita foi aumentando a tal ponto que a escrita começou desde cedo a

fazer parte de mim e do meu quotidiano e se mantém até aos dias de hoje.


2. Histórias de Amor com Aromas de Mar. Como surgiu o ímpeto de escrever

este seu primeiro livro e de o partilhar com o público?


O querer partilhar o que escrevo com os outros já não é algo novo, mas algo que

sempre desejei fazer. Lembro-me de, com os meus 11 ou 12 anos, escrever os meus

primeiros poemas à mão e depois escrevia-os numa máquina de escrever que

pertencia à minha mãe. E sem experiência nenhuma e um pouco à aventura, lá ia

carregando nas teclas com um certo cuidado para não me enganar. E quando tal

acontecia lá recorria ao lápis que tinha uma borrachinha própria para apagar a tinta

da máquina de escrever e usava a vassourinha que estava do outro lado para limpar

a folha dos restinhos da borracha. Ou então escrevia tudo novamente, numa nova

folha. Mais tarde comecei a usar o computador que veio facilitar todo este processo,

principalmente quando me enganava. E tudo isto para perpetuar os meus poemas

numa espécie de livro que eu mandava encadernar numa das papelarias da cidade.

Naquela altura, era o meu livro! E muito gostava eu de o exibir como se fosse um

feito alcançado, um troféu.

Durante a minha adolescência, quando a escrita já era algo normal no meu dia-a-dia,

criei o sonho de publicar um livro, um livro a sério, daqueles que encontramos nas

livrarias para poder partilhar com os outros o que escrevia.

Publiquei poemas e histórias em jornais da minha cidade e em alguns jornais nacionais.

Eu partilhava o que escrevia com os outros, é verdade! Mas continuei com a ideia fixa

de querer publicar um livro, o meu livro!

Já na idade adulta continuei a escrever. Mas o que escrevia ia guardando. Com o

passar do tempo, fui perdendo a esperança de concretizar este sonho. Há a ideia de

que os sonhos são para os mais novos. Em 2021 voltei a encarar a escrita como algo

muito sério na minha vida e criei a página do Facebook “Histórias de Amor com

Aromas do Mar” na qual partilho um pouco do que vou escrevendo e as minhas

aventuras no universo da escrita. Após o incentivo constante da parte de alguns

familiares, amigos e seguidores, decidi tentar fazer do meu sonho uma realidade. A

Letícia Brito, da Oficina da Escrita, leu alguns poemas meus que, entretanto, tinha

partilhado em grupos de poesia no Facebook e mostrou-se interessada em ler mais. E

depois de ler mais escritos meus, mostrou-se entusiasmada em embarcar comigo

nesta aventura de publicarmos o meu primeiro livro de poesia, ao qual dei o título da

minha página de Facebook, porque acho que faria todo o sentido. São as minhas

histórias que falam de amor, sempre com os aromas inconfundíveis de um mar que

adoro, que me fascina e inspira.


3. Pode partilhar connosco um pouco sobre a experiência de escrever esta obra?


As histórias que partilho convosco foram escritas nos últimos três anos e estão

repletas de emoções. Estas histórias foram vividas, sonhadas ou imaginadas e falam de

amor em toda a sua plenitude e em todas as suas vertentes. O amor torna-se assim

uma palavra tão pequenina, mas igualmente tão abrangente que nos acompanha

durante toda a nossa vida.

No que escrevo partilho um pouco da minha essência, de quem sou: uma menina já

mulher ou uma mulher ainda menina. Cada poema leva um pouco de mim.


São poemas com uma escrita simples, cuidada, marcada por um vocabulário rico e

diversificado, que proporciona uma leitura agradável a quem a venha a ler. Uma

poesia romântica, leve e delicada que tornam esta obra apaixonante.


4. Histórias de Amor com Aromas de Mar, permite-nos navegar lentamente nas

ondas do mar e do amor, através de um registo sereno e simultaneamente

intempestivo, como é o mar.

De onde vem esta paixão pelo mar e pelos aromas das histórias que ele traz?


O mar sempre me fascinou. Há todo um mistério que o envolve e que nos oferece mil

e uma sensações. Os nossos sentidos captam cada pormenor que o mar lhes entrega.

No meio de toda a agitação característica do mar, há uma sensação de paz que se

apodera de nós. O mar tem tantas histórias por contar, basta estarmos atentos e

sabermos absorvê-las. Sentir a areia molhada, a maresia, as ondas a beijarem-nos os

pés, o sal nos lábios ou ver a linha do horizonte são pequenas coisas que me deliciam.

Como qualquer criança adoro apanhar conchinhas no areal. Todo um conjunto de

pequenas coisas que passam despercebidas aos olhos da maior parte das pessoas, mas

não aos meus e ao meu sentir.

Nestas “Histórias de Amor com Aromas do Mar”, cada poema simboliza uma história e

cada uma destas histórias leva consigo o perfume, o sabor, o som e a paisagem de um

mar que me fascina e vive em mim. Esta obra permite ao leitor navegar docemente

nas ondas do mar e do amor, do desejo, da paixão, das trevas e da luz, através de um

registo calmo e sereno, mas simultaneamente intempestivo, como é o mar. No

coração de quem ama existe toda uma miscelânea de sentimentos contraditórios. E ler

este livro é ser embalado pelas doces ondas do mar da vida, com mil e um aromas que

lhe são característicos e que nos transformam.


5. Quais são os seus projetos para o futuro? Os leitores poderão contar com

novas obras e dentro do mesmo registo ou prepara algum desafio?


A edição deste livro fez despoletar novos sonhos. Pretendo publicar novas obras de

poesia, dentro do mesmo registo que as “Histórias de Amor com Aromas do Mar” mais

destinadas a adultos. No entanto, e como trabalho com crianças diariamente, o meu

desafio maior será publicar obras destinadas aos mais novos, nomeadamente de

poesia e contos infantis. As crianças são um público mais exigente, são muito sinceras

e ou adoram ou não gostam mesmo.


6. Qual a mensagem que gostaria de partilhar com quem nos está a ler?


Nas notas finais do meu livro escrevi “O sonho é uma capacidade inata do ser humano.

Uma vida sem sonhos é uma vida vazia, sem qualquer sentido. O sonho tem o poder de

nos fazer acreditar em nós e nos outros, de transformar o que nos rodeia e de nos fazer

renascer. É talvez a maior e mais importante fonte de energia capaz de nos fazer viajar

pelo mundo, mergulhar no oceano e, essencialmente, voar! O sonho dá-nos asas, como

se fôssemos uma borboleta a esvoaçar de flor em flor! E é nas asas de um sonho que

encontramos a verdadeira felicidade!”

Este livro é a prova de que os sonhos se podem concretizar, mesmo quando já

passaram quase 30 anos e consideramos que é algo impensável e impossível. O tempo

mostrou-me que nada acontece por acaso e que o que tiver de acontecer, se nós

quisermos, acontece mesmo. Esta obra é o meu sonho.

Mas, claro, tenho de referir o sentimento mais nobre que existe, o amor, e ao qual

dediquei e continuo a dedicar a maior parte dos textos que escrevo.


Nós vivemos para amar! Só amando tudo fará sentido. Por isso, amem! Amem

loucamente, sempre. Amem-se! Deixem-se levar pelos caminhos do amor, pois só eles

darão sentido à vossa vida.

A quem ainda não leu a obra, convido a adquiri-la e a conhecer-me um pouco melhor,

deixando-se embalar nas ondas do amor.



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