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À Conversa Com… Aires Muscate

Atualizado: 25 de mai.



António, seja bem-vindo à nossa rubrica. À Conversa Com…

Nesta rubrica promovemos entrevistas inéditas com autores nacionais, e cujo propósito primordial é fazer com que as suas palavras alcancem novos leitores.


1. Para começarmos, eis a pergunta que se impõem, como é que nasceu o gosto pela escrita?


O gosto pela escrita nasceu através do gosto pela leitura. Quando era adolescente gostava muito de ler livros de piadas para depois ir contar aos meus colegas, nomeadamente o livro de (Ntori palan banda desenhada). Por vezes não tinha dinheiro para comprar livros, mas ia à livraria e passava uma hora a ler todo o livro que queria, para depois puder contar a historia aos amigos acrescentando um pouco com as minhas palavras. A uma dada altura comecei a escrever piadas baseadas na nossa vida quotidiana. Lembro-me da piada do carnavalista bijagó que saiu do arquipélago para ir carnaval, em Bissau.

Foi em 2006 que comecei a dedicar-me à escrita, mais concretamente poesia, por ser a forma mais educada de dizer coisas mal-educadas. Insultar sem ofender.


2. Como surgiu o ímpeto de escrever esta obra e de a partilhar com o público?


O ímpeto surgiu quando senti a necessidade de participar no diálogo global, que não fui convidado nem dirigido a palavra, falar ao mundo inteiro sobre os temas que animam a sociedade em geral.


3. Como correu o processo de escrita desta obra. Partilhe connosco um pouco sobre essa experiência?


O processo da obra foi muito natural. Uma parte deste livro saiu num grande livro de base, que escrevi com dois temas diferentes e decidi separa-los que deu esta obra.

A pandemia facilitou-me muito. Ganhei muito e escrevi muitas poesias durante a quarentena. Algumas são poesias recentes outras são poesias que escrevi há mais de 10 anos.


4. A Beira do Vento, uma obra que nos fala sobre entender a pulsação de um coração, que implica ter uma atenção completa e abrangente de todos os sentimentos que este sente e carrega.

De onde surgiu à vontade e necessidade de relembrar os leitores de que devem apreciar aquilo que os rodeia, as coisas mais simples da vida?


A vontade deste convite ao leitor surgiu de uma experiência própria. Muita das vezes nós corremos atrás das coisas que sonhamos desnecessariamente, sem sequer apreciar aquilo que está à nossa volta e muita das vezes essas mesmas coisas encontram-se a nossa volta. Muito se diz sobre correr atrás dos sonhos. Mas se um dia estiver cansado de correr atrás? Convido os leitores a apreciar o mundo à sua volta.



5. Quais são os seus projetos para o futuro? Os leitores poderão contar com novas obras e dentro do mesmo registo ou prepara algum desafio?


Estou a tentar, não sei se consegui ou se vou conseguir, pelo menos tentei. Este livro é o resultado das primeiras tentativas e não penso desistir nem parar por aqui.

Mesmo o nosso saudoso Einstein esteve dez anos seguidos a tentar e a errar (publicando textos atrás de textos, errando e propondo), antes de conseguir apresentar a sua magnífica teoria de relatividade geral.

Se para um gênio é permitido 10 anos de tentativas e erros, peço-vos indulgência para que este modesto ser bijagó de ilha tente, escreva e erre, provavelmente por muito mais décadas que o Einstein.

Os leitores podem contar com mais obras no mesmo registro e podem preparar-se para grandes surpresas como romances e obras científicas e anedotas.



6. Qual a mensagem que gostaria de partilhar com quem nos está a ler?


Gostaria de convidar os leitores a fazerem um exercício que é um hábito natural para mim. Sorrir.

O sorriso da vida, risos no meio de lágrimas, porque depois de tanto, conseguimos ou não chegar ao fim.

Um sorriso que chega depois de muito sofrimento, choro ou penar é único e fortíssimo.

Esse é o sorriso a perdurar. Às vezes é preciso um momento difícil para aprender a sorrir mais.

O sorriso e o riso que existem em nós, mesmo quando partilhados, também crescem entre quem nos rodeia.

Sabemos que uma boa gargalhada contagia, que um sorriso gera outro, que a boa disposição cria outra. O contrário também é verdadeiro.

Os carrancudos tornam o ambiente pesado. Os pessimistas tiram o prazer da vida. Os que se queixam permanentemente tiram os bons momentos.

Não há risada patética, fortemente audível, nem piadinha de mau gosto, mas o sorriso genuíno e sincero de um momento bom ou mau.

O sorriso responsável pelas rugas à volta dos olhos, o sorriso que não queremos esconder apenas porque queremos mostrar-nos sérios ou porque estamos muito cansados, ou porque trabalhamos muito ou porque a vida está terrível.

Esse sorriso que está lá não deve ser reprimido, contagia outro igual.

Um sorriso diz discretamente que eu gosto de ti, que tu me deixas feliz e que é um prazer ver-te.

O sorriso de um bebé nos faz sentir bem imediatamente, uma terapia, a alegria de ver um cão abanar o rabo.


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